segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Father, Son, Holy Ghost do Girls

Com produção muito mais cuidadosa que o primeiro LP da banda (Album, de 2008) e muito mais heterogêneo que o seu último trabalho (o EP Broken Dreams Club, de 2010), o álbum Father, Son, Holy Ghost é o segundo LP do duo californiano Girls.

É verdade que o Girls é um duo, tendo como integrantes fixos apenas o baixista Chet "JR" White e o guitarrista, cantor e compositor Christopher Owens. Mas também é bem verdade que o o que mais atrai na banda é a personalidade de Owens. Seja pela sua fragilidade na forma de se expressar (gerando até mesmo ambiguidade sexual em versos como "I wish I had a boyfriend/I wish I had a loving man in my life", que abrem o LP de estreia da banda) ou pela sua história de vida (que vai de uma relação íntima com a comunidade de amor livre Children Of God, fuga da Eslovênia aos 16 anos e uma morte traumática do irmão mais novo), ele é, inevitavelmente, o principal elemento da banda.

No novo álbum, a personalidade de Owens está mais exposta ainda através das letras extremamente íntimas, o que aproxima muito o ouvinte do compositor, dando um toque aconchegante ao álbum em músicas como Myma e Just A Song (que Owens afirma ser a mais pessoal do álbum).

Agora, saindo do campo das letras e analisando as melodias, o álbum vai de músicas com violão e coro de vozes fortes, tipicamente "negras" até a, quase Heavy Metal, Die (que remete imediatamente aos melhores riffs de Black Sabbath e Deep Purple, tendo melodia que lembra muito a Highway Star do já citado Purple), o que destoa bastante do resultado do último EP dos californianos, lançado no ano passado.

Pessoalmente, eu prefiro o resultado do EP, por ser mais homogêneo e manter o ouvinte numa mesma atmosfera até o final do álbum e prefiro, mais ainda, o primeiro LP que, por ter produção sem tantos cuidados, conferia uma personalidade ainda mais rock n' roll à banda, numa cena de rock que tem privilegiado bandas com muitos instrumentos (vide Arcade Fire, Beirut) que fogem ao power trio que consagrou o gênero lá nos anos 60. Enfim, o novo álbum é bom, sem dúvidas, mas confesso que, como fã, esperava algo totalmente diferente e o álbum acabou deixando uma sensação de que "podia ser melhor".

 
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